Onça recebe tratamento inédito no CRAS

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O Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), realizou nessa quinta-feira (24.01), um atendimento inédito em onças pardas. O animal, macho de 7 anos, passou por um procedimento odontológico de profilaxia e restauração dentária depois de apresentar, em exames posteriores, uma gengivite aguda (gengiva inflamada) e um dente quebrado.

Conforme o médico-veterinário do CRAS, o cirurgião geral Lucas Cazati, essa foi a primeira vez que onças pardas receberam esse tipo de tratamento no Centro, incluindo o uso dos equipamentos mais modernos do mercado. “É um tratamento inédito. Esse tipo de avaliação oral precisa ser feita por um cirurgião geral e esse profissional é escasso no mercado do Estado. E eu estou aqui há um ano apenas. Desde então, não tivemos nenhum caso que precisasse desse atendimento. Esse foi o primeiro”, explicou Cazati.

O uso de ultrassom dentário, uma novidade no mercado, também proporcionou o atendimento de qualidade para o felino. “Esses tipos de acompanhamentos são raros por causa da escassez de profissionais e também devido aos equipamentos que são caros”.

Cazati ressalta ainda os investimentos e esforços do Governo do Estado proporcionam que Mato Grosso do Sul desponte em tratamentos de animais silvestres. “Além de ser um Estado de ponta em outras áreas, já está se destacando em tratamento de animais silvestres”, disse o veterinário.

Operação

Depois de o animal apresentar emagrecimento repentino, foram feitos diversos exames que apontaram para uma patologia na cavidade oral. “Por isso estamos desenvolvendo esse protocolo de reabilitação. Esse tipo de patologia é mais comum em animais que vivem em cativeiro”, explicou Cazati.

Médico-veterinário do CRAS Lucas Cazati: MS desponta no tratamento dado aos animais silvestres

Sedar o animal foi uma operação cuidadosa e que exigiu técnica. Foram necessários dois dardos de tranquilizantes para que a onça se entregasse, minutos depois da primeira agulhada. “Vamos sedar para que ela fique inconsciente, em média, duas horas. Mas o procedimento deve durar cerca de 30 a 40 minutos”, afirmou o médico-veterinário Pedro Pastor, que também acompanhava o tratamento. 

O procedimento ocorreu dentro do esperado e o tratamento foi finalizado, conforme Cazati. “Finalizamos o tratamento. Em breve, faremos uma avaliação oral nas outras onças pardas”. Estão sendo mantidas no CRAS, atualmente, seis onças pardas e uma pintada.

O animal que passou pelo procedimento deve ser libertado, em breve, em áreas de soltura cadastradas pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), depois de sete anos em cativeiro. 

CRAS

O CRAS foi criado em julho de 1987 com o intuito de recepcionar, triar e destinar os animais silvestres apreendidos em operações de combate ao tráfico, os atropelados nas rodovias estaduais, bem como os entregues voluntariamente pela população. Foi um dos primeiros Centros de Triagem de Animais Silvestres criados no Brasil.

Desde sua criação, milhares de animais confiscados pela fiscalização deixaram de ser soltos de forma aleatória, sem qualquer processo de triagem ou reabilitação. Este processo permitiu também formar no Estado uma equipe técnica habilitada em identificar os diferentes espécimes apreendidos, sua área de ocorrência natural, além de realizar avaliações clínicas do estado sanitário de cada um destes animais recebidos, visando minimizar os riscos ligados às ações de soltura indiscriminada de animais na natureza.

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