Ações incentivadas pelo Serviço de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande, como a coleta de testes rápidos para detecção de HIV, Sífilis e Hepatites B e C nas unidades básicas de saúde (UBS), nas de saúde da família (UBSF) e nos eventos de grande fluxo de público, contribuíram para alcançar o resultado de 167.365 exames realizados e distribuídos 2,7 milhões de preservativos na Capital, com o objetivo de prevenir a transmissão destas doenças na Capital. Saiba mais sobre as infecções sexualmente transmissíveis no final do texto.
Graças ao fomento de campanhas promovidas durante o Carnaval e nos meses que lembram as lutas contra as infecções sexualmente transmissíveis como Sífilis e Sífilis Congênita, Hepatites Virais e da AIDS, o IST espera alcançar a meta 90-90-90 do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
Esta meta estipula que até 2020, 90% de todas as pessoas portadoras do HIV saibam que tem o vírus; 90% destas com infecção pelo HIV diagnosticada recebam terapia antirretroviral ininterruptamente; 90% de todas em tratamento com antirretroviral tenham suprimido a carga viral levando-as a níveis indetectáveis.
Para tanto, numa proposta de planejamento estratégico, desempenha-se várias ações que visam alertar a população para a importância do uso responsável do preservativo como forma de prevenção às IST/AIDS e Hepatites Virais, além de ofertar e incentivar a população sobre a necessidade da realização do teste rápido de HIV, Sífilis, Hepatite B e C para a detecção precoce do diagnóstico e otimização do tratamento em tempo oportuno.
Dos 167.365 testes rápidos realizados, 43.058 foram de Sífilis e 3.378 apresentaram reagente para o treponemo pallidum (bactéria transmissora da doença); 50.084 foram para HIV e 470 reagentes para o vírus; 42.585 para Hepatite B, sendo 319 Reagentes e de Hepatite C, 31.638 testes com 214 reagentes, retratando detecção precoce após confirmação diagnóstica.
Ainda na proposta de prevenção para alertar a população para a importância do uso responsável do preservativo como forma de prevenção do HIV/AIDS e demais infecção sexualmente transmissíveis foram distribuídos 2.732.348 preservativos, sendo 19.500 feminina; 19.728 preservativos masculinos de 49mm e 2.693.120 preservativos masculinos de 53mm, além de 256.600 gel lubrificante.
Para a chefe do Serviço IST/AIDS da SESAU, Denise Leite Lima, os três alicerces do combate às infecções sexualmente transmissíveis é que apresenta o melhor resultado.
“Temos que trabalhar com essas três prioridades para o enfrentamento das ISTs: prevenção, diagnóstico e tratamento. Na prevenção nós trabalhamos a sensibilização, a importância e a necessidade do uso correto do preservativo em todas as relações sexuais. Já no diagnóstico, precisamos que ele seja precoce, ou seja, o quanto antes, assim as chances de remissão das infecções são maiores e o paciente se recupera rapidamente. E por último, e não menos importante, o tratamento. Sem este, não tem o porque de fazermos o esforço concentrado nos dois primeiros. Por isso, é importante que os governos mantenham o fornecimento ininterrupto da medicação e os serviços sensibilizem os pacientes para a adesão ao tratamento”, explicou ela.
O Serviço IST estruturou o Plano de Ações e Metas 2018 com 47 ações divididas em quatro Macro-Eixos que enfatizam: Promoção e Prevenção; Diagnóstico, Tratamento e Assistência; Gestão, Informação e Governança e Promoção da Participação de ONGs. A partir das metas estipuladas que objetivaram a redução dos índices de ISTs no Município, foi possível obter resultados positivos, pois houve redução no número de notificações de Sífilis Congênita e no número de crianças menores de 5 anos com AIDS comparado aos índices do ano anterior.
“Estas metas que estão sendo exaustivamente trabalhadas para os índices atingirem patamares menores dos apresentados nacionalmente”, afirmou Denise.
Outra conquista em 2018 foi a efetivação do Comitê Municipal de Prevenção da Sífilis Congênita e de Investigação da Transmissão Vertical do HIV, HTLV, Sífilis e Hepatites Virais que vem a contribuir com a implantação do Projeto Ministerial de Integração Inteligente Aplicada ao Fortalecimento das Redes de Atenção à Resposta Rápida da Sífilis do Município – “Sífilis Não”.
Além disso, com a disponibilização da Profilaxia Pós Exposição (PEP) nas Unidades de Urgência e Emergência (UPAs e CRSs) foi possível realizar a quebra da cadeia de transmissão para as pessoas exposta ao risco das infecções pelos vírus do HIV, Hepatites Virais e outras IST e ainda, com a iniciativa do projeto piloto de “Compartilhamento do Cuidado da Pessoa Vivendo com HIV” na Atenção Básica será possível garantir a integralidade do cuidado das pessoas assintomáticas que vivem com HIV com a disponibilização do tratamento com terapia antirretroviral mais próximo ao domicilio, com equipes de saúde capacitadas para assumirem esse cuidado.
E ainda, considerando a necessidade de atuar em populações com razoes comportamentais mais vulneráveis, consideradas prioritárias pelo Ministério da Saúde e denominadas como populações chave e populações prioritárias, o serviço desenvolve ações especifica de prevenção a este público por meio de dois projetos denominados “Projeto Previna” e o “Projeto Viva Saúde Jovem”.
Para 2019 o serviço planeja intensificar as ações de prevenção e combate às ISTs principalmente em março, quando acontece o Carnaval.
INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
O que é HIV?
HIV é uma sigla para o vírus da imunodeficiência humana. É o vírus que pode
levar à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Ao contrário de outros
vírus, o corpo humano não consegue se livrar do HIV. Isso significa que uma vez
contraído o HIV, o indivíduo viverá com o vírus para sempre.
AIDS (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida)
Esta é a fase da infecção que ocorre quando o sistema imunológico está
seriamente danificado e a pessoa se torna vulnerável a infecções e as chamadas
doenças oportunistas. Quando o número das células CD4 cai abaixo de 350 células
por milímetro cúbico de sangue (350 células/mm3), é considerada a progressão do
HIV para a AIDS. (A contagem normal de CD4 fica entre 500 e 1.600 células/mm3).
Pode ser diagnosticada com AIDS a pessoa que desenvolver uma ou mais das doenças oportunistas, independentemente de contagem de CD4. Sem tratamento, as pessoas que são diagnosticadas com AIDS normalmente sobrevivem cerca de 3 anos. Uma vez com uma doença oportunista perigosa, a expectativa de vida sem tratamento cai para cerca de 1 ano. Pessoas com AIDS precisam de tratamento médico para evitar a morte.
Tratamento
A terapia antirretroviral (TARV) pode prolongar significativamente a vida das
pessoas infectadas pelo HIV e diminuir as chances de transmissão da doença
(indetectável). É importante que as pessoas façam o teste de HIV e saibam desde
cedo que estão infectadas para que os cuidados médicos e o tratamento tenham
maior efeito.
A terapia antirretroviral é transformadora para as pessoas que vivem com o HIV. Permite que elas recuperem sua qualidade de vida, voltem ao trabalho, desfrutem de suas famílias e desfrutem de um futuro cheio de esperança.
Indetectável
O principal objetivo da terapia antirretroviral é manter a boa saúde das
pessoas vivendo com HIV. Para a grande maioria podem ser indicadas medicações
antirretrovirais capazes de reduzir a quantidade de HIV no sangue para níveis
que são indetectáveis por testes laboratoriais padrão. Pode levar alguns meses
até que se consiga reduzir os níveis de vírus a patamares indetectáveis e
permitir que o sistema imunológico comece a se recuperar.
Além do impacto positivo sobre a saúde das pessoas vivendo com o HIV, há um consenso crescente entre cientistas de que pessoas com carga viral indetectável no sangue não transmitem o vírus sexualmente. Esse conhecimento pode ser empoderador para as pessoas vivendo com HIV. A consciência de que eles não estão mais transmitindo o HIV sexualmente pode proporcionar às pessoas que vivem com o vírus um forte senso de que passam a ser agentes de prevenção em sua abordagem para os relacionamentos novos ou já existentes.
Hepatites
As hepatites são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Elas
causam a inflamação do fígado por meio de vírus, uso de alguns remédios, álcool
e outras drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. São doenças
silenciosas que nem sempre apresentam sintomas, mas quando aparecem podem ser
cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos
amarelados, urina escura e fezes claras.
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C. Existem, ainda, os vírus D e E, esse último mais frequente na África e na Ásia. Milhões de pessoas no Brasil são portadoras dos vírus B ou C e não sabem. Elas correm o risco de as doenças evoluírem (tornarem-se crônicas) e causarem danos mais graves ao fígado como cirrose e câncer. Por isso, é importante ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina que detectam a hepatite.
A evolução das hepatites varia conforme o tipo de vírus. Os vírus A e E apresentam apenas formas agudas de hepatite (não possuindo potencial para formas crônicas). Isto quer dizer que, após uma hepatite A ou E, o indivíduo pode se recuperar completamente, eliminando o vírus de seu organismo.
Por outro lado, as hepatites causadas pelos vírus B, C e D podem apresentar tanto formas agudas, quanto crônicas de infecção, quando a doença persiste no organismo por mais de seis meses.
As hepatites virais são doenças de notificação compulsória, ou seja, cada ocorrência deve ser notificada por um profissional de saúde. Esse registro é importante para mapear os casos de hepatites e ajuda a traçar diretrizes de políticas públicas no setor.
Sífilis
A sífilis tem cura
e é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum e
transmitida de uma pessoa infectada para outra durante o sexo desprotegido,
através da transfusão de sangue e da mãe infectada para o bebê durante a
gestação ou no parto. A doença pode se manifestar em três estágios e os maiores
sintomas ocorrem durante as duas primeiras fases, período em que é mais
contagiosa. O terceiro estágio pode não apresentar sintomas, e, por isso, dá-se
a falsa impressão de cura da doença.
Sintomas
Entre 7 a 20 dias após o sexo desprotegido com alguém infectado surgem os primeiros sintomas que são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços (ínguas) nas virilhas. Elas não doem, não coçam, não ardem e não apresentam pus. Mesmo sem tratamento, essas feridas podem desaparecer sem deixar cicatriz, todavia, a pessoa continua doente e transmitindo a doença em relações sexuais desprotegidas.
Algum tempo após o período inicial da doença, podem surgir manchas em várias partes do corpo (inclusive mãos e pés) e quedas dos cabelos. Esses sintomas também desaparecem, dando a ideia de melhora. Entretanto a doença pode ficar estacionada por meses ou anos, até que surgem as complicações graves como cegueira, paralisia, doença cerebral e problemas cardíacos, podendo, inclusive, levar a morte.
Quando não há evidência de sinais e ou sintomas, é necessário fazer um teste laboratorial. Mas, como o exame busca por anticorpos contra a bactéria, só pode ser feito trinta dias após o contágio.
Diagnóstico
Todas as pessoas sexualmente ativas devem realizar o teste para diagnosticar a sífilis, principalmente as gestantes, pois a doença na forma congênita pode causar aborto, má formação do feto e/ou morte ao nascer. O exame está disponível para a população em geral em todas as unidades básicas de saúde (UBS) e de saúde da família (UBSF) e são realizados pelos enfermeiros.
Durante a gestação o teste deve ser feito na 1ª consulta do pré-natal, no 3º trimestre da gestação e no momento do parto (independentemente de exames anteriores). O cuidado também deve ser especial durante o parto para evitar sequelas no bebê, como cegueira, surdez e deficiência mental.
Tratamento
Após o diagnóstico da sífilis, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível e é recomendado pelo profissional de saúde. Os parceiros das gestantes também precisam fazer o teste e ser tratados, para evitar uma nova infecção da mulher. No caso das gestantes, é muito importante que o tratamento seja feito, pois é o único método capaz de tratar a mãe e o bebê. Nos casos de sífilis em bebê, a criança necessita ficar internada para tratamento por 10 dias. O parceiro também deverá receber tratamento para evitar a reinfecção da gestante e a internação do bebê.