Sonora Brasil traz circuito “Na pisada dos Cocos” ao Sesc Cultura

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Em agosto o Sonora Brasil leva ao Sesc Cultura, em Campo Grande, o circuito “Na pisada dos cocos”, com os grupos Coco do Iguape (CE), Coco de Zambê (RN), Samba de Parreira da Mussuca (SE), Coco de Tebei (PE). As apresentações serão de 12 a 15 de agosto, dias 12 e 13 de agosto às 19h e dias 14 e 15/08 às 20 horas, sempre abertas ao público.

O circuito Na Pisada dos Cocos apresenta variantes dessa expressão líterocênico-musical típica da região Nordeste, trazendo dois grupos que praticam cocos do litoral e dois do interior. A prática coletiva envolve, na maioria das vezes, grupos mistos, formados por homens e mulheres, que são encontrados em áreas urbanas e na zona rural, inclusive em aldeias indígenas e comunidades quilombolas, onde a dança e a música, integradas, estão presentes nos terreiros, nas festas populares e em ritos religiosos. Cantadores e dançadores são acompanhados ora por instrumentos de percussão como bumbo, ganzá, pandeiro e caixa, ora por palmas ou pela batida dos pés que marcam o andamento, simulando a pisada que prepara o chão batido, atividade praticada nos mutirões a que se atribui essa característica da dança.

Samba de Pareia da Mussuca

12/08 – Coco do Iguape (CE) – Da praia de Iaguape, em Aquiraz, a 30 km de Fortaleza, praticam a pesca artesanal, principal atividade econômica da região, e são liderados pelos mestres Raimundo da Costa, que desde os 10 anos de idade pratica o coco de embolada, e Chico Caçoeira. O Coco do Iguape tem uma característica peculiar que é o andamento mais acelerado e uma dança mais “pulada”. Como outros cocos do litoral, o grupo se apresenta descalço, como os pescadores costumam andar. A vestimenta é feita artesanalmente com o mesmo tecido usado nas velas das jangadas e tingida com a tinta retirada da casca do cajueiro azedo, árvore encontrada na região.

13/08 – Coco de Zambê (RN) – De Tibau do Sul, litoral do Rio Grande do Norte, a expressão cultural, segundo pesquisadores, chegou aos engenhos de cana-de-açúcar e colônias pesqueiras da região por intermédio de africanos escravizados, com notícias de sua existência desde 1903. Dois tambores estão presentes na maioria dos grupos que praticam o Coco de Zambê: o próprio zambê, também conhecido como pau furado ou oco de pau, que é maior e mais grave, e o Chama, ambos construídos artesanalmente com troncos de árvores da região. Além desses tambores, outros instrumentos de percussão podem ser encontrados, inclusive a lata, usada no grupo do mestre Geraldo, que, na verdade, é o reaproveitamento da lata de 18 litros utilizada no comércio de tintas. Uma de suas principais características é o fato de ser praticado apenas por homens.

14/08 – Samba de Parreira da Mussuca (SE) – O grupo é liderado por uma mestra, dona Nadir, o que é raro nos grupos de tradição, em que as funções de liderança normalmente cabem aos homens. O povoado de Mussuca fica no município de Laranjeiras, a 23 km de Aracaju (SE). É uma comunidade de remanescentes quilombolas que se empenha para manter as tradições herdadas de seus antepassados, como a dança de São Gonçalo e o samba de pareia, que surgiu há mais de 300 anos entre os escravos que trabalhavam nos canaviais. Hoje, na Mussuca, ele é dançado por mulheres, contando com a presença de homens apenas como tocadores que sustentam o ritmo com dois tambores médio-graves e uma porca (cuíca). Completa a instrumentação um ganzá, tocado por uma das mulheres, e, o principal elemento rítmico, a pisada dos tamancos das dançadeiras. Uma peculiaridade desta manifestação cultural é o fato de estar relacionada a um ritual de nascimento que vem dos antepassados, em que o grupo se apresenta para manifestar a alegria pela chegada de mais uma criança no povoado, dando-lhe as boas-vindas no seu 15º dia de vida.

15/08 – Coco de Tebei (PE) – É praticado por um grupo de agricultores e tecelões da comunidade Olho D’Água do Bruno, na cidade de Tacaratu, Pernambuco, localizada na região do Médio São Francisco, próximo à divisa com Bahia e Alagoas. Na memória, a dança do coco está associada à construção de casas de taipa, quando as famílias se reuniam em adjutório para “taipar” uma nova casa. É cantado por mulheres e dançado por casais. Não utiliza instrumentos e a base rítmica é marcada pela pisada dos dançadores. A sonoridade que resulta do canto, somada ao ritmo da pisada, nos remete, de certa maneira, a uma ritualística indígena, que se caracteriza pelo contraste de timbre entre o metal das vozes femininas e o som seco da pisada no chão, e pela ausência de nuances em cada um dos elementos. Também faz parte da memória do grupo a cantoria do rojão, associada ao uso da enxada na preparação da terra para o plantio.

Sobre o Sonora – Neste ano, o projeto Sonora Brasil completa duas décadas de existência. Promovido pelo Sesc, a circulação musical terá exposição interativa e 372 concertos em 97 cidades brasileiras. As temáticas serão na pisada dos cocos e Bandas de música: formação e repertórios.

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